7 de novembro de 2019

SOBRE AS PROFUNDIDADES




No mundo dos outros me sinto exausta, complexa e mal entendida.
De tão profunda, não me contento com o razoável, com o mais ou menos, 
Sou osso frágil de roer, apavoro quem está perto, com tanto sentimento em aberto, alegria intimista, sem vocação para ser santa, por ser simplesmente mundana.
Sou dramática, intensa, gosto da poesia nua e crua, da escrita verdadeira que dói a alma por inteira, eu gosto de invadir o coração do poema, entrar fundo e tirar dele todos os dilemas.

Sempre que algo da errado, procuro seguir em frente, mesmo que mais madura do que antes, mais machucada do que antes, mesmo que um pouco de mim tenha ficado para trás, vou vivendo e aprendendo, levando comigo mais experiências, na certeza que um dia tudo ficará bem novamente.

Já abri mão de muitas coisas durante essa caminhada, outras deixei passar diante dos meus olhos, já caí em abismos escuros e já consegui sair.

Vivo de derramar, derramo o coração, o pulmão, as vísceras, as lágrimas e até o amor desagua em mim, e as vezes o vejo desamparado, sem ter onde pousar o coração sinto  a alma se encher de ausências, onde as mãos procuram a junção de outras mãos mas não conseguem alcançar, porque é necessário mergulhar mais no fundo e não na superfície.

Quando os ombros doem, lembro que estou exausta, sorrir me cansa as vezes, pensar muito e não chegar a nenhuma conclusão, me deixa ansiosa, não ser eu todos os dias, me faz morrer um pouco a cada amanhecer, e quando me liberto de mim sofro minhas consequências, de ser quem eu sou, por não não agradar nem as flores, nem os espinhos, acabo virando cactos, na imensidão do meu deserto, em um caminho de solidão entre o destino e o livre arbítrio.

Meu Eu ninguém consegue entrar, a não ser que não se amedronte, com tudo que há lá dentro, com tudo que sou, esse sentimento livre, escancarado, que faz de mim uma alma em erupção.

Gosto daquela conexão que entre duas pessoas acontece momentaneamente, aquele sentido aguçado, de olhares intermináveis, e quando se tocam, sentem aquele desejo de estarem juntos, um dentro do outro, sem ter que olhar as horas. 
Gosto da profundidade dos desejos, daquela conexão entre os corpos, onde tudo se completa, sem explicações, onde até o universo conspira a favor.

(Claudeth S Oliveira) em um dia de tempestades entre o arco-íris e o céu acinzentado.





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