7 de novembro de 2019

Sobre Hilda Hilst


E vamos de Hilda Hilst (1930-2004)

Hilda Hilst foi uma poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira.
É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Seu trabalho aborda temas como misticismo, insanidade, erotismo e libertação sexual feminina. Ela foi fortemente influenciada por James Joyce e Samuel Beckett. (site wikpedia)

Escolhi algumas de suas belas frases para homenagear essa grande poetisa.

“Te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade.”

“Costuro o infinito sobre o peito.”

" Vontade de não dar sentido algum às coisas, às palavras e à própria vida. Assim como é a vida na realidade ausente de sentido".



“Não te rendas" (Benedetti)

Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.
Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.
Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.
Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, por eu te amo.

Mario Benedetti

Amor ao longe

O amor ao longe
E um dilema
Um fonema
É fogo
É saudade
É pressa
É selvagem
É vontade
É um horizonte
Imprevisível
Como todo amor
Que se vê distante

 (Claudeth sobre a distância que se pode amar)




O Amor e a dor

A sutileza do teu fogo
Arde-me sem perceber
Na pele a sensação
De prazer e delírios
O suor é como a chaleira
Entorpece minha alma
E derrete por inteira
Antes do amanhecer
A gente perde a hora
Entre os braços e teu corpo
Não há espaço
Não há vírgula
Não há quem não saiba
Se é hora da partida
O amor é dor


Claudeth - Entre quatro paredes
4/10/18


Por trás dos muros


 


Por trás das suas janelas invisíveis
Sempre tem uma fenda, 
Uma brecha, um vácuo...
Onde ela observa o mundo com suas lentes solitárias
Sem entender onde as estrelas se refugiam
Quando o céu está inquieto e sombrio.

                                                                                (Claudeth S. Oliveira)



O Girassol

Foto by Claudeth, tirada em Águas Correntes- Clube


Uma luz, que na falta de palavra melhor, não posso denominá-la de outro modo, se não amarela (Van Gogh sobre os girassóis)

Tirei essa foto em um passeio e não pude deixar de compartilhar pela alegria e esperança que sinto ao ver tantos girassóis em meio ao caos e ainda sorrindo para a vida. É urgente amar mais e odiar menos.

Eu me sinto como Van Gogh. Eu tenho um pouco de girassol. 

Claudeth

SOBRE AS PROFUNDIDADES




No mundo dos outros me sinto exausta, complexa e mal entendida.
De tão profunda, não me contento com o razoável, com o mais ou menos, 
Sou osso frágil de roer, apavoro quem está perto, com tanto sentimento em aberto, alegria intimista, sem vocação para ser santa, por ser simplesmente mundana.
Sou dramática, intensa, gosto da poesia nua e crua, da escrita verdadeira que dói a alma por inteira, eu gosto de invadir o coração do poema, entrar fundo e tirar dele todos os dilemas.

Sempre que algo da errado, procuro seguir em frente, mesmo que mais madura do que antes, mais machucada do que antes, mesmo que um pouco de mim tenha ficado para trás, vou vivendo e aprendendo, levando comigo mais experiências, na certeza que um dia tudo ficará bem novamente.

Já abri mão de muitas coisas durante essa caminhada, outras deixei passar diante dos meus olhos, já caí em abismos escuros e já consegui sair.

Vivo de derramar, derramo o coração, o pulmão, as vísceras, as lágrimas e até o amor desagua em mim, e as vezes o vejo desamparado, sem ter onde pousar o coração sinto  a alma se encher de ausências, onde as mãos procuram a junção de outras mãos mas não conseguem alcançar, porque é necessário mergulhar mais no fundo e não na superfície.

Quando os ombros doem, lembro que estou exausta, sorrir me cansa as vezes, pensar muito e não chegar a nenhuma conclusão, me deixa ansiosa, não ser eu todos os dias, me faz morrer um pouco a cada amanhecer, e quando me liberto de mim sofro minhas consequências, de ser quem eu sou, por não não agradar nem as flores, nem os espinhos, acabo virando cactos, na imensidão do meu deserto, em um caminho de solidão entre o destino e o livre arbítrio.

Meu Eu ninguém consegue entrar, a não ser que não se amedronte, com tudo que há lá dentro, com tudo que sou, esse sentimento livre, escancarado, que faz de mim uma alma em erupção.

Gosto daquela conexão que entre duas pessoas acontece momentaneamente, aquele sentido aguçado, de olhares intermináveis, e quando se tocam, sentem aquele desejo de estarem juntos, um dentro do outro, sem ter que olhar as horas. 
Gosto da profundidade dos desejos, daquela conexão entre os corpos, onde tudo se completa, sem explicações, onde até o universo conspira a favor.

(Claudeth S Oliveira) em um dia de tempestades entre o arco-íris e o céu acinzentado.





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