Debruço-me
Sobre o travesseiro
E choro sobre a devassidão
do velho mundo
Que levo dentro
Do meu caos profundo
Sem testemunha
Sem abraço
Sem riso
Me escondo
Nesse pano de fundo
Sou estrada sem fronteira
Pista sem dança
Amor à beira
Da desesperança
Um corpo
Caído
Febril
Desiludido
Que ainda respira
A terra
E deixa fluir
Não sei separar com precisão
O mal disfarçado de bem
O herói e o vilão
O inferno e o céu
O pepino e a abobrinha
O amor e a dor
A morte e a vida
Não sei precisar exatamente
Se é tristeza ou solidão
Ou que horas são!
No meu tempo ou no seu.
Eu, perdido!
No caos
Desafio a vida
Pedalo no solo
E tropeço
No breu da pista
Eu, por um fio!
Nômade
Entre um riso
E uma lágrima
Sem testemunha
Fujo de casa
Eu, Perigo!
Saio do casulo
Caio no abismo
Quando sonho comigo
Eu, Desumano!
Alienado
Despendo no palco
De pernas pro alto
Eu, Perigo!
Boca seca
Bebo e fumo
Água poluída
Tiro de mansinho
A própria vida
Eu, Alice
Submersa
Fora de mim
E dentro espelho
