Café,
é tipicamente a tarja da vida.
Coado,
é uma morte bem vivida.
Borrado, dói, mas cura ferida.
A terra persiste na madrugada,
tem resto de cigarro no chão,
meio café amargo,
e um tricô que vira casaco.
Uma desordem amada.
Sou a única na janela,
em claro,
a engolir o cheiro
adocicado
do ar embriagado.
Sou a única no breu,
dentro da cafeína,
olhando a lua na rua,
deserdada.
Sou o lírio incerto,
sem pétalas,
a desaparecer no abismo
silencioso.
Te levo comigo,
e bebo contigo
as cinzas da tragada de ontem,
desse amargo café borrado.
Quantos dias irão durar o outono,
se me perdi no inverno?
Nenhum comentário:
Postar um comentário