Tranquiliza teu coração
que nada que está escrito
está sacramentado
Outra hora os ventos sopram
o barco vira
a morte se equilibra
no parapeito do carro
E tu que era medo
Agora vive
na corda bamba
Se equilibrando
entre céu e o inferno
E eu digo uma coisa
nada está sacramentado
nada é certeza
Toda correnteza
leva e trás
lixos e luxos
A escolha é apenas uma ilusão
Tudo muda.....
Eu tenho mais medo
é das folhas mortas
"O Espelho
Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos."
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/os-melhores-poemas-mia-couto.htm
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Minha mãe conta histórias
de quando ela era menina
estudava
brincava
e a vida com meus avós
a vida com seus irmãos
e contava das suas lamentações, dos seus sonhos de infância..
das fugas, dos medos, da fome, das obrigações, dos momentos felizes..
da amizade, das perdas...
Do rio....
Da casa de palha....
Da praça
e eu me imaginava.....
eu viajava..............
E no dia que visitei sua infância
Entendi o porque dos seus olhos brilharem ao falar da sua vida de menina.....
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Uns são médicos
Outros professores
E até bombeiros...
Artistas,
Cantores,
Eletricistas,
Bancários,
etc...etecetera...
E eu....
Simplesmente uma fascinada pela alma humana
Eu estudo os sentimentos
A raiva, as lágrimas..
Situações
Sou poeta
Jaime Sabines tem uma frase que diz o seguinte: “Não acho que exista uma contradição entre poesia e medicina. Estudar o corpo humano é semelhante a estudar a alma".
O que você estava fazendo?
Enquanto o mundo lá fora estava desabando!
Enquanto as luzes estavam se apagando
E o poço era o melhor lugar pra se esconder
Porque o túnel já estava cheio
Lotado de esperança
Eu estava tentando criar um verso
Dentro do fim
Este poema não é sobre vícios
Não é sobre amor,
Não é sobre você...
Não é sobre felicidade,
Não é sobre mim...
Este poema é sobre outras jornadas,
Outros sentimentos,
Outros sons,
Outros dias,
Outros momentos,
Outros vãos,
Outros dilemas...
E a liberdade se completa
Quando se aceitam os desafios
E suas consequências!
Viver é a arte de compreender
Que morrer é inevitável.
Mas a vida só se justifica
Se, em vida, criaste um poema
Que pulsa no coração dos outros,
Que ecoa além dos anos,
Que tece laços de significado
No tecido frágil do tempo.
Tangos, tequilas e algumas mentiras
Caio no precipício
Desço no sem fim....
Gosto da dor que tua ausência me causa
Ter saudade me tira da inercia e da preguiça
Sou um poeta em decadência
Sem decência
perdi a vergonha e a inocência
Teu amor tem gosto apocalíptico
Com cheiro de sinopse
Gosto de café doce
Com borra no fundo
E é assim....
Que teu amor vive em mim
Bebe gelo com vodca
Cura-me de ti
Me prescrevo receitas
Que não sei seguir
Ignoro teu amor
De versos e prozas
Me lê como um poema
De trás pra frente
Me despe com o olhar
De quem assiste um filme
Inédito
Na sala de estar
Amar se torna amargura
Quando aqui você não está.
O Eu lírico ama o caos que transborda no espaço vazio da xícara de chá.
Menina tu bem sabes
Eu hoje acordei bem tarde
não fiz o café amargo
não quis falar com ninguém no celular
Não levantei da cama
Não lavei a louça
Não cultivei o jardim
Eu olhei pela janela
Com vistas pro silencio
Aquela dor de dente
Me atravessou a alma
Como cappuccino quente
Aquele rosto pálido no espelho
Aquele cabelo desarrumado
A blusa molhada de suor
Os lábios sem cor
Não era eu
não era eu
não era eu
Mas uma garota
melancólica
que voltou pra si
e viu de camarote
vênus dançar no céu
era noite quando percebi
Era! era eu!
Pela janela do fim de tarde
O mundo parece dormir
Frágil sem norte
Como se a qualquer momento
Fosse ruir
Na tarde morta
Na penumbra
Tenho medo que o silêncio
Habite nas palavras
E cale o descontente
A tarde caótica
No abismo do deserto
Onde o medo de ter medo
é o vilão e o perverso
A vida se torna
Cada vez mais rara
Mais distante
Onde se pode amar
Apenas a saudade
A janela do fim de tarde
É a vista do fim do mundo
Onde todo mundo carrega pra si
um segredo
Porque choras tomate frito?
eu estou na estrada
deixei a vergonha na rua debaixo
os sapatos na casa da sogra
o batom na casa do boby
e as roupas fui perdendo pelo caminho
tão leve, tão pobrezinha
Fui ao cinema sozinha
ri que chorei até secar
lembrei que odiava tomate
Por não me entender como pessoa
como tomate frito
eu como tomate frito
eu não como tomate frito
eu não sei porque não como tomate frito
Não sei porque fiz este poema
que é uma tragédia
pra minha carreira
menina
